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sábado, 31 de janeiro de 2009

E essa falta?
E essa saudade do abraço que não se dá,
Do beijo que é só vontade,
Das noites que dormimos juntos em nossas metades.
Das cenas,
Dos atos
Que só em nossa mente é verdade...
E essa falta???

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Não sei de onde tirei a idéia de conjugar esse tal verbo adolescer. É tudo tão remoto, que eu nem tinha me dado conta que existia. Não há espinhas no rosto, mas há uma pressa, uma ansiedade como se a vida me soprasse ao ouvido que tudo termina amanhã.

E não termina. Amanhã adolesço de novo, desço solenemente cada um dos degraus que me fizeram chegar mais alto, que me colocaram numa posição onde eu daria as cartas, eu escolheria as regras, eu começava o jogo. E decidiria também quando parar, no melhor estilo “o jogo é meu”.

Mas feito ordem, desci do salto, calcei rasteiras e percebo que com elas posso correr com mais facilidade. Mas não era preciso correr!

E nessa pressa infinda perco horas parada, esperando a próxima carta. Minha palidez revela que eu não tenho nenhum jogo armado e não sei até quando sobreviverei dos meus bons blefes. O relógio anda pra trás, mas já vejo o inevitável momento da batida.

Nesse revés de tempo, vou perdendo a esperteza de jogadora e me vestindo de fantasia adolescente, de ingenuidade infantil.

Sou minha maior adversária.

Imagem capturada do blog http://vanluchi.blogspot.com/



quarta-feira, 21 de janeiro de 2009


Tempos e tempos de muito calor. De tal forma escaldante, a ruborizar vez por outra a face.
Hoje a chuva caiu forte, um tanto tardiamente, quase imperceptível lá fora, como quem corre atrás do prejuízo.
Não percebera que eu cheguei primeiro, desenhei outra estação, explodi termômetros e ignorei o azul pesado que dava o tom ao céu.
Eu estava leve o suficiente para me colorir...

Imagem capturada do blog www.beautful_angel.blogger.com.br

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009



Vou escolher outra rua, talvez opte pela contra-mão. Assim posso encarar de frente quem vem ao meu encontro. Simplesmente decidi infringir, porque o preço pode ser até bem pequeno diante do que posso encontrar.

Enfeito o meu próprio altar, uso colorido e borrifadas a mais de perfume. Me maqueio de sorriso e canto. Quero cantar alto e falar palavrão. Em outras línguas ou no melhor português. Me transformo em palavras perdidas dentro de um livro que alguém lê e viro imagem.

Fujo de horários, queimo madrugadas, faço companhia à insônia emoldurada por leituras profundas ou vãs. Rasgo longas cartas, abrevio a vida em bilhetes, leio respostas. Sinto meu corpo tremer. Faz um frio... Coloco lenha na fogueira, porque vejo que o calor pode estar ao meu alcance.

Não me preocupo com riscos, nem meço conseqüências. Hoje ainda não acabou, perdi meu relógio e o amanhã é longo.

Entre um trago e outro, respiro fundo e me encho de vida. A bagagem já é grande e seu peso, considerável. Mas vez por outra perco o fôlego, rejuvenesço, me permito tremer sem me preocupar com a nitidez da foto. Não vai ser preciso registrar.

Junto pedaços e faço uma linda colcha. Está aberta a temporada de mim.





Imagem original capturada no blog pitux.blog.simplesnet.pt

domingo, 11 de janeiro de 2009

E a noite se confundiu com uma lua
De tal forma prata,
De tal forma inteira
E que escolheu minha janela como moldura
Me causando hipnose,
Me sentenciando à insônia
Como quem pune a quem ousa disputar um brilho-real.
Ainda assim pareceu generosa
A iluminar-me o corpo por toda a noite
Por cada ângulo...

E a madrugada veio com a claridade
E com saudade
O céu se pôs a chorar...

(foto: Paulo Almeida - www.1000imagens.com)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Silêncio, por favor...

De cada um dos meus defeitos eu sei.

Faço bom uso do espelho, embora só olhe para ele quando me sinto suficientemente forte.

Nem tudo eu preciso ouvir.

Sou minha maior crítica e muito mais dedos apontam para mim do que o solítario em riste, que tenta apontar o que há de humano do lado de lá.

Comportamentos infantis, às vezes, tomam o lugar das duras e grotescas reações adultas. É mais forte quem faz chorar? E a fortaleza de quem troca por lágrimas as armas que tanto poderiam ferir?

A imperfeição passou por aqui e deixou pesada bagagem. E isso é bom, me ocupa, há o tempo todo o que arrumar.

E o espelho, quando eu decido assim encarar, pode me reservar gratas surpresas.

Vez por outra, eu cresço...

"Hoje eu quero apenas uma pausa de mil compassos..."


(imagem capturada do blog:http://passagedusilence.wordpress.com/)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Andaram por ali falando em lugar bom pra morrer. Não acho que haja lugar bom pra morrer, simplesmente porque morrer não é bom. Nessa hora, nessa fatídica hora, dissolvem-se todas as minhas compreensões espirituais, porque eu ainda não aprendi a lidar com a morte e nem com um monte dessas coisas de adulto.

Queria ficar aqui bem muito, até enjoar... E queria que ficassem comigo esse monte valioso de gente que vale tanto a pena.

Mas se enfim, eu tivesse que escolher, queria que fosse no ar, em pleno vôo, de asas abertas. Voar me faz feliz. De avião, de tirolesa, queda livre, pára-quedas, bungee jumping... Desfaço-me em sorrisos...

E teria forma melhor de ir (se a ida for inevitável, claro) que sorrindo?

Eu gosto mesmo é de voar... E por enquanto vou ficando com os meus vôos noturnos, bem altos, seguros...

Deixa-me sonhar...



(imagem capturada do blog anjoii.blogspot.com)