Vasculhei por cada um desses mais de quatro cantos que me compõem. Não havia muita certeza na busca, o objetivo era turvo, embora pulsasse. Mas saí negando flores e sorrisos e procurando muito mais por um sinônimo. Algo que significasse saída, desfecho ou solução, nada tão silencioso, mas que não ousasse proferir a palavra 'final'. Não precisava ir tão longe. Não era queima de arquivo. No máximo o direito meu de ouvir sussurrada em falsete a possibilidade.
Tinha de haver algo. Mandinga, despacho, oração, trabalho, hipnose, mantra, meditação. Ou uma chave, apenas. A chave que abrisse o meu verbo e fechasse esse querer hemorrágico que jorra à toa.
Não é à toa porque é banal. Mas porque é claustrofóbico e eu tenho asas. Porque é retilíneo demais e eu gosto das curvas. Porque se mantém horizontal e eu amo subir.
Remexer o baú do tempo seria em vão. Não conseguiria medir se o estou perdendo ou ganhando porque não sei quanto tenho. Sei apenas quanto quero. O espaço do tempo futuro não é claro e encanta. Dele eu aguardo a surpresa. Só poderia declarar perdido, algum tempo passado, e ainda assim tenho um bom troco.
No chão não há nada. Ou quase. Tenho deixado muito pouco cair. Só há um magnetismo insistente que atrai meus passos de dúvida, ora lentos, querendo sentir cada afago, ora apressados, feito clichê de modernidade, buscando o desatar de cada nó.
Eu sou o nó. E não desato. Escolhi este, o meu ato. E toda essa busca, consciente, teve a também consciente venda nos meus olhos, que justificou cada tropeço e cada saída não vista, ignorada. Escolhi assim. Até decidir clarear. E a porta, bem diante de mim.
Imagem googleada