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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Entrelinhas



Sabe aquele não?

Eu escrevi com lápis-de-olho
Preto, forte

Pra marcar o olhar

E a hora de te esperar


Aquela minha recusa

Aquele jeito de dizer,

Era pra que não me desses tempo

Pra eu tentar me proteger

Era maquiagem

Era eu, dublê de mim.

Sabe aquele não?
Era o modo disfarçado, envergonhado
De dizer apenas sim.



(tarde perceber, enfim...)


Imagem - cena do filme "Nome Próprio"

domingo, 20 de setembro de 2009



Vontade sentida tem vida própria. Tem forma, age e ignora limites. É aquela mão generosa que te empurra do abismo quando teu coração pede pra voar. É mão sábia que te aquieta a voz que insiste em saber sobre a visão da queda e a firmeza do solo.

É a vontade que dá a garantia de que não é queda e sim salto, e por isso mesmo, pode ser para o alto. É a mesma que afirma com propriedade que o chão, seja ele firme ou não, depende muito mais da forma como teus pés escolhem tocá-lo.

Ela - a vontade- substantivo apenas, palavra proferida, não tem nem dá movimento, vazia de vida, desconhece exclamações. Sequer ecoa no vento, porque desconhece a direção. Não vibra, não reverbera. Não escreve história. É truque fonético de mau gosto, ludíbrio que desrespeita a própria língua. É seca no peito.

Vontade, de verdade, é arbitrária. Entende no não o chamado à desobediência. É o convite ao atrevimento que se espera, porque sabe, se é vontade de coração, que há do outro lado o abraço que aguarda a surpresa. Tem certeza.

Vontade tem barulho de motor de carro, de toque de celular na madrugada, de campainha na porta da frente. Tem gosto de beijo sem fim, de intimidade ofertada. Cheiro de perfumes que combinam, de corpos que se dominam.

Que haja, pois, o risco. E a vontade desenhando o traço. Ou tudo acabando em ponto.

Imagem capturada em www.kboing.com.br

quinta-feira, 3 de setembro de 2009


É que aqui é tempo de guerra
Daquelas em que a vontade de vencer
Não orienta os passos
Não clareia os alvos
Nem busca trincheira de proteção.

Troquei por sonhos, minha munição
Sou tropa em exposição.

O abrigo, o verdadeiro
Está do lado do inimigo
Que de tão oposto
Não dedica um só tiro em minha direção.

Render-se é perder a guerra
E ganhar um céu de estrelas
Em noite de lua cheia
Como condecoração.


Imagem capturada do blog gica-soudedeus.blogspot.com