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quarta-feira, 21 de novembro de 2007




Fiquei tão pequena que não caibo mais em lugar nenhum.
Grão num mundo inteiro, apertado
Aquadradado
Cheio de ângulos, onde não encaixam
As curvas do meu eterno vai e vem...

Não caibo na noite pequena,
Algoz do meu sono pesado.
Minha casa grande
É mundo demais e espaço de menos
Pro meu desejo individual
Para a minha necessidade livre que me escapa entrelinhas
Entreolhos
Entreditos...

As idéias se chocam, esbarram
Na falta de lugar da minha cabeça.
Não cabem tantas vontades nas minhas gavetas
A palavra pequena não abrange o significado maior
E cala.
E os sonhos de hoje, feito carbono,
Preparam apenas a página seguinte.

Fui compactada
Apertada, pressionada:
Entende daqui,
Cede dali,
Concede de lá
Adapta mais adiante.

Tão minúscula fiquei
Que o universo não me comporta mais.

domingo, 18 de novembro de 2007

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

O que te pressiona?



Respostas exigidas, que você não sabe dar?
Escolhas impostas por uma multiplicidade que lhe turva o olhar?
Territórios delimitados, onde você não pode andar?


Segredos trancafiados, que você não pode saber?
Paisagens, casos, imagens, que você não pode ver?
Um outro padrão, a pessoa, que você não pode ser?


Sonhos, acasos, lugares, onde você não pode ir?
O medo da hora em que vai ter que decidir?
A possibilidade de não poder corrigir???


Pressiona...
Impressiona...
Aprisiona.

(imagem retirada do blog: arrozcomtodos.blogs.sapo.pt, para a qual não foram apresentados os créditos.)

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Pago um absurdo pelo seguro do carro. Grana filha da mãe, mas que me deixa respirar aliviada enquanto deixo o carro estacionado por ali, quando há possibilidade de uma batidinha...

Novembro, final da placa 9 = licenciamento.
Pra que serve mesmo esse troço???

Ah, tudo bem. É pra que seu carrinho esteja licenciado para trafegar por aí.
Engraçado é que me dão a tal licença sem ver meu carro nem as condições em que ele está. Basta que eu pague trinta e tantos reais...

Mas o bonito é que vem agregado o seguro obrigatório (o que não te deixa obrigatoriamente seguro). Oitenta e tantos reais! Vieram pra mim com um papo que é uma grana que você recebe, caso atropele alguém... Se eu atropelar alguém, eu vou receber é trauma e prejuízos pro resto da vida!!!

Um seguro obrigatório e outro espontâneo? É essa a lógica?

E o tal licenciamento, que venceu ontem, não pôde ser pago hoje, porque em atraso, tenho que tirar uma nova guia... Vim pensando no caminho de volta no tamanho da confusão que eu faria caso fosse parada numa blitz, recém-saída do caixa, com uma conta que não me deixaram pagar...

Ê pátria amada e usurpadora...

Se ao menos eu visse licenciamentos, DPVATs, CPMFs, IPVAs, IPTUs, juros, multas, tudo isso devidamente aplicado, mas não. No primeiro semáforo depois do banco disputam o flanelinha, o deficiente, a mãe com um bebê no colo, o argentino pirofágico, a criança malabarista e até o velhinho vestido de papai noel...
E eu sem nenhuma moeda, porque sim, elas também me faltam, fico com o sentimento engasgado que mistura raiva, compaixão, cultura de assistencialismo, questionamentos acerca do ciclo vicioso que é a esmola...
Símbolos, emblemas fervem em crise. Política, conceitos de humanidade, fé... Tudo se mistura e toma forma de lança.
Minha responsabilidade se finda num voto a cada dois anos?
Só eu penso assim?
Que grito mudo é esse que ninguém escuta???

Mas eu vou continuar falando. Até que não me suportem mais. E no jogo deles eu não entro. Lugar de corrupto é longe da minha honestidade e das cifras que eu desembolso. Não assinei nenhuma procuração delegando a terceiros o uso do meu dinheiro.
Não voto neles e falo mal sim! Falo de suas cuecas, de seu gado, de suas mansões, de suas contas em paraísos fiscais... Simplesmente porque não é pra ser assim!!!
Sou a maior das fofoqueiras e não tentem me calar.




Elisa Lucinda, não menos indignada, deu um tom literário a essa "desordem":


Meu coração está aos pulos!Quantas vezes minha esperança será posta à prova?Por quantas provas terá ela que passar?Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo duramente para educar os meninos mais pobres que eu, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?


É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha"," Esse apontador não é seu, minha filhinha".

Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nuncatinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.

Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar. Só de sacanagem!

Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todoo mundo rouba" e eu vou dizer: Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.


Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desdeo primeiro homem que veio de Portugal".

Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? IMORTAL!

Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dá para mudar o final!

Só de sacanagem - Elisa Lucinda

Visite: http://www.escolalucinda.com.br/

sábado, 10 de novembro de 2007

Na estrada



A noite é a melhor hora pra se viajar.
Em quase todas elas, compro uma passagem pra onde quero:
E vou, noite a fora
Sem cinto de segurança,
Sem limite de velocidade,
Sem trânsito ou semáforo,
A lua como guia, em qualquer fase.
Não preciso de mochila, visto ou habilitação
O que eu quero, enfim é meu.
E não há data pra voltar...

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Balanço

A citação: "Hoje eu só quero que o dia termine bem"

Feito tudo o que tinha que ser...
Feito quase tudo o que desejava fazer...
Sem saldos, mas também sem prejuízos...

É o mal costume da acomodação, a injustificada resignação,
Um tal não correr atrás, um quê de tá bom assim.
Os tais atos silenciosos que atraem correntes ao pulsos,
Que elegem os monossílabos os reis do discurso,
Que fazem da conversa um quase-monólogo,
Que reduzem o volume do grito até calar.
.
.
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[Moni parece estar offline]

domingo, 4 de novembro de 2007

Quanto tempo?

Desejo do dia: o fim de todos os relógios e calendários!

Quem disse que eu devo satisfação a essa métrica imposta por um tal tic-tac repetitivo, enfadonho, cansativo e redundante?
Por que eu tenho que encaixar minhas reticências nos quadrinhos limitados de um calendário?
Quem lhes conferiu tal poder?
Determinam onde tudo começa e onde tudo deve parar... Mas não têm fim...
Como pode o tempo esgotar se meu desejo ainda não acabou?
Por que ainda resta tempo, quando a disposição já se foi???
E o despertador, filhote estridente, cheio de vontades, abusado ao ponto de interromper o sonho que eu esperava há séculos...
Por que eu tenho que esperar séculos?
Por que aguardar o segundo dia útil, quando o dinheiro acaba em pleno sábado, dia infinitamente mais útil?
Mais cinco minutos no microondas para matar uma fome que chegou há horas...
Com tantas vontades tortas, o caminho dos meus ponteiros jamais poderia ser circular: preciso de altos e baixos, idas e voltas, paradas rápidas, adormecimentos...
E a eternidade, mãe de todas as datas, ponteiros, calendários e ampulhetas? Essa me mete muito medo, porque essa sim, resolveu se impor. O tempo é dela. Acontece quando quer. E muitas coisas minhas parecem estar guardadas lá...
E eu tenho que esperar?
O bendito relógio não pode marcar data pra ela chegar? Uma satisfação, ao menos um prazo pra eu poder me programar?
Fico assim, escrava sem cor e esperneio, reclamo, insisto e até escrevo.
Mas é inútil: Data e horário marcado, o tempo bate à porta. E eu confesso: qualquer dia desses me recuso a abrir!