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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Palavra-festa


Infalível palavra, encontra sempre a fresta
Seja densa, rarefeita
Sutil ou intensa
Vestida de poesia é festa
Traje de noite ou de dia, enfeita.
Seja palavra - é o que importa
Jamais inútil, jamais em vão
E que haja sempre intenção
Até na palavra morta.

Este blog que veio substituir a antiga "Caixa de Pandora", completa hoje 3 anos, com quase 15 mil visitas, com 140 amigos e amigas que  acompanham as verdades vividas ou inventadas que flutuam por aqui, com infinitos comentários, complementos necessários, quem mantém a palavra viva.
Viva! Viva a palavra, viva a escrita, viva a poesia!
Meus agradecimentos sem-tamanho aos que repousam por aqui seus olhares, que dedicam seu tempo à leitura, que dão um retorno ou não, simplesmente passam. Aos que aqui, feito espelho, buscam o seu reflexo. Também pode acontecer. Há um pedaço significativo - e indispensável - de cada um de vocês por neste espaço.
É tudo construção. E nada faço só. Sem vocês eu não seria.
Um grande abraço.

Sugestão para ouvir, aqui.

Imagem: CC - Creative Commons

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Solo de Baixo



(...) Brinque com meu fogo, venha se queimar
Faça como eu digo, faça como eu faço
 Aja duas vezes antes de pensar(...)
Chico Buarque


Mais baixo.
Sussurre.
Balbucie de tal forma
Que eu não ouça mais a diferença
Entre lábio, orelha e língua.
Que eu ignore a distância
Entre seios mãos e coxas.

Mais baixo...

Vê a malemolência suave dos dedos sobre as cordas.
Vê e transporta:
Dedos – notas
Cordas – corpo.
Descobre o melhor caminho,
Acorde.
Levante.
E (semi) breve.
Solfeje os desejos
Em arranjos de volúpia.
Des – componha-me.

Toque-me:

Mais baixo.
Mais baixo.
Mais baixo...


Um Bom Conselho para ouvir.
Imagem capturada do site: http://flaviodogd.blogspot.com/ 

terça-feira, 12 de outubro de 2010

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Perde o salto e salta

                                                                         Imagem: Monalisa de Leonardo da Vinci


Terei, só eu percebido
Que o ontem é lugar esquecido?
E num instante, refaço: ontem, mesmo, é aqui do meu lado
Mas seu nome,
Esse sim, bem mais longe, é passado
E até te cedo a tardia escolha:
Enterrado ou cremado
Ou mais simples, bem mais eficaz:
Calado.

Resta pouco, pois, a dizer
Quanto vale o teu esquecer?
Pagaria caro, sem sentir prejuízo
Pra não ter o meu nome no desafino preciso
Da acidez da tua boca de fel
Que morde e estraçalha a verdade
Deixa o gosto da maldade
E encobre o mundo com o véu
Entre as letras lambidas que nomeiam tua vaidade.

Se já não te enxergas no espelho
Te afogas no raso, de razão, nem um triz,
Meu último ato cristão – um conselho
Escolhas, por fim, ser feliz.
Pois se te fazes tempestade,
Dia e noite a insistir
Desculpe, a minha felicidade,
Sequer lembra do teu existir.

* Sugestão para ouvir, aqui.
** Nem toda poesia é autobiografia.