Não é que não haja mais verso
Nem tampouco acabou a rima
Mas essa coisa de sonhar vicia:
Inquieta a noite,
Me ocupa o dia
Que se já era disperso
Quando um pouco eu tinha
Avalia, agora
Que a ausência domina.
Eu sei, eu sei
Essa história é mais minha
E de uns atos pra cá
Resolvi contracenar
Com um fantasma que eu criei
Monólogo líquido
Roteiro ríspido
E é a hora de escrever o desfecho -
- o que não parece fácil
Pôr um fim, onde nem vejo começo
De repente, só durou um segundo
Que mais pareceu todo o tempo do mundo
E tenho agora à mão
Uma caneta, uma obrigação
De uma tarefa desigual:
Escrever o tal ponto final
Fim da estrada de mão-dupla
Há muito cortada por interdição
Mas que ficou uma via
A atravessar o tempo
O caminho, a vastidão.
E falta pouco, é só mudar a estação.
Será minha estréia, esse dia:
No inverno a chover,
Muita água a cair,
Todas as coisas molhar
E sem que ninguém faça idéia
As últimas lágrimas escorrer
Com a chuva, fazer confundir
E até a mim enganar.
Aqui jaz.
Essa história sai, enfim, de cartaz.
Trilha sonora sugerida: http://www.youtube.com/watch?v=vGeGQ1WcC_c
Imagem googleada.
Até a próxima temporada...