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sábado, 24 de novembro de 2012

A (pouca) fé no samba do loiro





O loiro diz que é bom de samba
Tem papo de bamba
É de duvidar
Faz carinho em pele de tamborim
Recorre a Chico, Adoniran, Jobim
Achando que apenas assim
Já lhe faria acreditar.

Mas a morena toda desconfiada
Quer bem além da batucada pra se convencer
Quer ver o loiro até de madrugada,
De camisa listrada,
Sandália castigada,
De tanto remexer.

E o loiro insiste que é bom no gingado
Que já está respaldado
No ziriguidum
Mas como crer no seu samba falado
Se não tá registrado
Em retrato nenhum?

E a morena ainda tão insistente
É criatura descrente
Quer ver o bamba sambar
Diz que ele tem que dançar aqui perto
E logo o loiro esperto
Vem se desculpar
Diz que seu samba é na outra ponta do mapa
E pensa que escapa
Que vai lhe enganar.

Ela lhe diz com todo seu carinho:
- Vamos pro meio do caminho
É hora de provar
Vamos dançar o samba verdadeiro
Ajuste os pés com o pandeiro
E eu vou acreditar
Vamos sambar no Rio de Janeiro
Me prove que é verdadeiro
O teu papo de sambar.

* poema sambado, pra o poeta diz-que-samba, Ítalo Puccini.



Imagem daqui.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Amplitude






Eis meu mundo moderno:
Até ontem, era só Gêmeos,
E a bipolaridade absolveu a inconstância zodiacal.
Mal sabem,
Bi é pouco, limita
E o meu multi vem de outras vidas.
Meu querer é já
E um passo adiante, já desinteressei.
Porque olho longe
E o horizonte é porta aberta.
Porque depois do azul, pode ser lilás.
Porque o sabor é o da novidade
E o melhor cheiro, estou prestes a respirá-lo.
Para todo o resto, fotografia.

*imagem - arquivo pessoal