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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Hoje é dia de Maria!!!


..."andando por ali, por acolá", cheguei no Maria Clara - simplesmente poesia para integrar esse grupo de poetas maravilhosas: Renata de Aragão Lopes, Talita Prates, Úrsula Avner, Hercília Fernandes, Nina Rizzi, Adriana Karnal, Lou Vilela, Adriana Godoy, Maria Paula Alvim e Wania.

Obrigada às meninas, pelo convite.
E todos e todas que passeiam por aqui, sintam-se também convidados para conhecer o Maria Clara.


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Do nado ao nada.



Noite imensa, com ares de interminável. Chovia lá dentro. Mas só lá dentro. Do lado de fora, apenas a ventania da tal primavera que não colore essas cercanias e cujas flores enfeitam somente a poesia que gravita. Vento, muito vento a remexer as ideias, a testar, feito quebra-cabeças, a peça correta no lugar ideal e formar alguma imagem, alguma paisagem, quem sabe de um campo de flores. Mas o vento voltava e a tudo desorganizava, como quem desdenha do desejo lírico de encontrar a verdade, os porquês, as saídas.

Junto com o sol, apenas uma resposta veio clarear: o motivo dos seus braços tão cansados. De olhos fechados pôde ver que nadara demais. Foram dias, horas, estações, folhas de calendários vividas em mar aberto, com braçadas que apontavam para qualquer lugar que não fosse o que estava. Era preciso tomar distância em grandes goles, embebedando o corpo com a ilusão de que havia calmaria no cais. De que haveria calmaria. De que haveria cais. De que haveria.

Houve erro de direção, houve tormenta e houve descoberta. Sem bússola, sem astrolábio, sem Sagres e sem intenção. Sem cais e sem calmaria também. Nadara praticamente uma vida e sem qualquer esforço, seus pés tocavam o chão. Não, o tempo, a distância, as braçadas não levaram à profundidade. Tantas noites de céu com menos estrelas que o comum e a permanência no raso, no superficial, no epidérmico. A pele ressecada, o gosto de sal compartilhado entre o mar e os olhos e a praia como única certeza, a terra: o lugar menos firme que já pôde conhecer.

Não se sabe onde o rumo foi perdido. Ou talvez a consciência tenha partido de uma rajada de vento, de uma onda mais violenta. A disposição de chegar à profundidade incluía a possibilidade de afogamento e isso era sabido. O que não sabia, é que ainda estava completamente submersa e talvez não sobrevivesse a mais uma imersão sem garantia, num espaço de tempo incontável, que não cabe em si nem no mar.

Há fortes possibilidades de não ter sido em vão.

Foto: arquivo pessoal