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terça-feira, 1 de junho de 2010

Das datas


Muitos hão de perguntar:
- E quantas primaveras são?
Mas a boca silencia
Pois já parei de contar
E nem atento pra estação
Desde o chuvoso dia
Em que tive que aceitar:
Que as flores não chegarão.

Imagem editada, capturada em original no site www.casadart.com

13 comentários:

ítalo puccini disse...

mas livros chegarão,
e as flores só não vão pela distância muito, muito grande!


aguarde, aguarde, aguarde,
e confie :)

Carol Freitas disse...

Dona de tanta beleza e sutileza essa poesia...

Talvez não chegarão pelo fato de não mereceres coisas perecíveis: daqui a pouco chega o que lhe será eterno.

E eu torço mto! =)

Beijo!

Myrela disse...

Só se não chegam aí que não tem primavera definida. Mas se tu vieres pra cá tu vais ver os jardins que vão bater na tua porta...hehehe

Aline Costa disse...

Acho que depois das tuas palavras vai chover de angiospérmicas vermelhas no teu jardim...rsrs...
E eu as complemento com um fragmento do poeta da natureza, ele que anda pela mão das estações, como Guardador de Rebanhos que é:

"[...]Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.[...]"

Alberto Caiero

Sidnei Olivio disse...

a eternidade de um minuto de poesia. Belíssimo poema, Moni, como tudo mais por aqui. Beijos.

gloria disse...

repara, as primaveras ficam guardadas nas palmas de cada mão. o dia chove, as rochas endurecem, mesmo com os ventos, as águas ficam ralas e tem sempre gurdada uma semente que dorme na contramão. eu feito menina, que joga as cinco pedrinhas, lanço nas primaveras um infinito que pinta as linhas da minhãs mãos. e sei que as cores fazem festa por entre as mãos da bela poeta.ela sabe que as flores moram no deserto.
bjs

Aninha Kita disse...

Flores não trazem também o luto!?
Alegre-se por não chegarem, ainda que chegassem logo se vão. ;/

Tudo de bom! ;)
Ana

NDORETTO disse...

Nossa que coisa linda, que melancolia bem escrita!!

Beijos!
Neusa

RICARDO disse...

Moni
A falta das flores não impede que lance sobre seus leitores o aroma do seu talento (neste caso específico)melancolicamente genial.Ao invés de flores aplausos e beijos pra você.

Barbara C disse...

As flores sempre chegam não importa quantas primaveras já se passaram ,mas é preciso aceita-las para que seja possivel.

Bom texto.

bjss

Anônimo disse...

e como disse Quintana:

"Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!"

não deixe de querer essas flores ;)

beijo, querida,
Ge.

Moni Saraiva disse...

Íta...me emociona.... beijo e agradecimento do tamanho da distância!


Carol... Fico enluquecida pra identificar o perecivel diante do eterno... Tens a receita aí? rs


My, tu mal sabes as flores lindas que brotam desse clima seco. Quero esses jardins daí não. Já disse! rsrsrs


Oh, Aline, apesar do lindo poema, queria deixar claro que isso não foi drama, viu???rsrsrs. Constatação, apenas, nada demais.
Mas se precisarem da dica, são os gladiolus hortulanus (gérberas) que fazem minha cabeça...heheh


Obrigada pelo carinho sempre, Silvio... Um beijo!


Glória, por lembrar o status não natural das coisas... De onde também se pode esperar...Linda, tu!


Aninha...nessa visão aí, agradeço sim, até demais!!!


Dessa vez, quase um tango, né Neusa? Beijos, querida!


Ô, Ricardo... Sempre tão delicada a tua leitura e teus comentários... Obrigada, viu?


Talvez seja bem por aí, Bárbara... Beijão!


Ge, o Quintana soa como quase-ordem, onde tu arrematas... Joga lenha na fogueira, né? Mas é bom de ouvir sim... Obrigada, pelo poema (que adoro) e pelo conselho...

Beijos com carinho a tod@s!

Anônimo disse...

Tenho medo do tempo e sua insaciável fome.