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terça-feira, 13 de novembro de 2007

Pago um absurdo pelo seguro do carro. Grana filha da mãe, mas que me deixa respirar aliviada enquanto deixo o carro estacionado por ali, quando há possibilidade de uma batidinha...

Novembro, final da placa 9 = licenciamento.
Pra que serve mesmo esse troço???

Ah, tudo bem. É pra que seu carrinho esteja licenciado para trafegar por aí.
Engraçado é que me dão a tal licença sem ver meu carro nem as condições em que ele está. Basta que eu pague trinta e tantos reais...

Mas o bonito é que vem agregado o seguro obrigatório (o que não te deixa obrigatoriamente seguro). Oitenta e tantos reais! Vieram pra mim com um papo que é uma grana que você recebe, caso atropele alguém... Se eu atropelar alguém, eu vou receber é trauma e prejuízos pro resto da vida!!!

Um seguro obrigatório e outro espontâneo? É essa a lógica?

E o tal licenciamento, que venceu ontem, não pôde ser pago hoje, porque em atraso, tenho que tirar uma nova guia... Vim pensando no caminho de volta no tamanho da confusão que eu faria caso fosse parada numa blitz, recém-saída do caixa, com uma conta que não me deixaram pagar...

Ê pátria amada e usurpadora...

Se ao menos eu visse licenciamentos, DPVATs, CPMFs, IPVAs, IPTUs, juros, multas, tudo isso devidamente aplicado, mas não. No primeiro semáforo depois do banco disputam o flanelinha, o deficiente, a mãe com um bebê no colo, o argentino pirofágico, a criança malabarista e até o velhinho vestido de papai noel...
E eu sem nenhuma moeda, porque sim, elas também me faltam, fico com o sentimento engasgado que mistura raiva, compaixão, cultura de assistencialismo, questionamentos acerca do ciclo vicioso que é a esmola...
Símbolos, emblemas fervem em crise. Política, conceitos de humanidade, fé... Tudo se mistura e toma forma de lança.
Minha responsabilidade se finda num voto a cada dois anos?
Só eu penso assim?
Que grito mudo é esse que ninguém escuta???

Mas eu vou continuar falando. Até que não me suportem mais. E no jogo deles eu não entro. Lugar de corrupto é longe da minha honestidade e das cifras que eu desembolso. Não assinei nenhuma procuração delegando a terceiros o uso do meu dinheiro.
Não voto neles e falo mal sim! Falo de suas cuecas, de seu gado, de suas mansões, de suas contas em paraísos fiscais... Simplesmente porque não é pra ser assim!!!
Sou a maior das fofoqueiras e não tentem me calar.




Elisa Lucinda, não menos indignada, deu um tom literário a essa "desordem":


Meu coração está aos pulos!Quantas vezes minha esperança será posta à prova?Por quantas provas terá ela que passar?Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo duramente para educar os meninos mais pobres que eu, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?


É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha"," Esse apontador não é seu, minha filhinha".

Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nuncatinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.

Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar. Só de sacanagem!

Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todoo mundo rouba" e eu vou dizer: Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.


Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desdeo primeiro homem que veio de Portugal".

Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? IMORTAL!

Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dá para mudar o final!

Só de sacanagem - Elisa Lucinda

Visite: http://www.escolalucinda.com.br/

Um comentário:

Henrique Moreira disse...

Todo o ser vivo tem um preço, o mal vem dos que se vendem por pouco, qualquer troca de um valor moral por dinheiro, mesmo que sejam alguns milhões de $, é sempre barata.
Mas se lhe dissessem: "Por troca dos seus valores morais é possível garantir a paz Mundial ou a eliminação da fome no Mundo". Não seria de considerar?
O Homem não é um animal corrupto, mas sim um animal corruptível. As causas são muitas: ambição desmedida, pobreza, injustiça, fatalidade, etc. Mas existe sempre um denominador comum: o corruptor. Neste reside o drama insolúvel.